Pomba Gira na Umbanda

Dentro da Umbanda, o nome Pomba Gira pode ser traduzido como: mensageira dos caminhos à Esquerda. “Pomba” é um pássaro que já foi usado como correio (pombos-correios); e “gira” expressa a idéia de movimento, caminhada, deslocamento etc. Como essas Entidades atuam na Esquerda, vem o significado de mensageira dos caminhos à Esquerda.

Logo no início da religião de Umbanda, as primeiras Entidades que se apresentaram foram os Caboclos, os Pretos Velhos e as Crianças. Em seguida vieram os Exus, que chegaram trazendo Entidades companheiras, as quais se identificavam como Pomba Gira.

Assim como Exu é um guardião e protetor na Esquerda, Pombagira também é uma guardiã protetora atuante na Esquerda da Umbanda. Ela se apresentou como par natural de Exu e por esse motivo, no início das suas manifestações, se pensava que Pombagira fosse “mulher de Exu” e até “mãe de Exu Mirim”. Com o passar do tempo, a Espiritualidade foi esclarecendo melhor aquele tipo de manifestação, aumentando a nossa compreensão a respeito dessas Entidades.

O Trono que corresponde ao Mistério Pombagira é denominado Trono do Estímulo ou do Desejo, pois esta é a Energia que Pombagira nos transmite, e com muita propriedade: o despertar do estímulo, do gosto pela vida, o “start” para levarmos avante os nossos esforços pela conquista de uma vida melhor, mais saudável e equilibrada, em todos os setores.

O “desejo” que Pombagira desperta em nós não se refere ao campo unicamente sexual, como alguns pensam, mas tem uma conotação muito mais ampla. Sem estímulo, a pessoa não consegue caminhar em nenhum setor da vida. E no campo sexual, especificamente, Pombagira é a grande esgotadora dos desequilíbrios, dos entraves e bloqueios que possamos carregar em nosso íntimo, visto que a Energia sexual é Sagrada e, por isso mesmo, importante para o nosso equilíbrio geral. Pombagira muitas vezes revela o que está escondido, para promover o esgotamento desses negativismos.

Ainda há muita desinformação a respeito de Pombagira

Para alguns, seria uma Entidade capaz de fazer o mal (“amarrações”, trabalhos de magia negativa etc.). Grande equívoco! Uma Entidade que trabalha a serviço da Lei Maior não se presta a tais coisas. O que pode acontecer é que seres trevosos se aproveitem da malícia e despreparo do médium ou do consulente, ou de ambos, para, usando o nome de Pombagira, atenderem a caprichos inferiores. Mas aí a responsabilidade é dividida de forma igual entre quem pediu, o médium que serviu de intermediário e quem fez, e não das Entidades Pombagiras.

Há também quem pense que Pombagira foi prostituta, mulher perdida etc. Assim, ela  viria trabalhar para “pagar um carma”, estando sujeita às nossas vontades. Outro engano! Pombagira é um espírito humano que teve várias encarnações. Que, como todo ser humano, cometeu erros. Mas que se arrependeu e se reergueu, obtendo a permissão Divina para trabalhar, usando da sua experiência em benefício da própria evolução e também da nossa, porque nos alerta sobre as consequências dos erros.

Quem errou e reconheceu seus erros tem um grau de consciência apurado. E quem vem trabalhar como Guia de Umbanda tem um nível de evolução superior ao nosso!

Ninguém pode afirmar, ao certo, quem foi Pombagira na sua última encarnação ou nas anteriores. E isso não interessa, na verdade. Aliás, quem somos nós para “julgar” quem vem nos ajudar? O que importa é que se trata de Espíritos a serviço da Luz e que, por já terem errado, conseguem entender os nossos erros humanos. Falam conosco “de igual para igual” (no sentido de compreensão) e podem nos ajudar no caminho da recuperação, a partir do momento em que assumirmos responsabilidade pelos nossos atos. Quando uma Entidade da Esquerda vem e nos conta um episódio do seu passado como encarnado, fala dos seus erros e das suas consequências quando deixou a carne, tudo isso nos serve de reflexão. Esse é um dos pontos de atuação de Pombagira em nosso favor, pois quando ela fala de erros, acertos e consequências, ela sabe do que está falando e nos transmite sinceridade e veracidade.

Quem conhece o caminho pode guiar quem vem atrás…

A única maneira de quebrarmos os preconceitos que ainda existem em relação às Pombagiras é pelo estudo da natureza e finalidade do trabalho dessas Entidades dentro da Umbanda. Fiéis de outras religiões não têm obrigação de conhecer isso, embora devam nos respeitar, até por força de mandamento constitucional.

Mas enquanto houver médiuns e consulentes umbandistas achando que podem pedir qualquer coisa a uma Pombagira; ou médiuns vestindo roupas escandalosas, com “decotão’, transparentes, barriga de fora, com maquiagem e adornos excessivos, e requebrando de maneira vulgar por aí, e fazendo isso “em nome de Pombagira”; enquanto isso continuar acontecendo, será difícil que a Umbanda obtenha o respeito das pessoas de fora da religião. E dentro da religião essas práticas absurdas só abrem caminho para a manifestação de seres trevosos, mentirosos e enganadores, que nada mais são do que afins com aqueles que deturpam o nome da Umbanda. Semelhante atrai semelhante…

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Fonte: Instituto Cultural Sete Porteiras do Brasil